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23 de ago. de 2010

Jesus anuncia a sua morte - Pe. José Cristo Rey

25 de setembro

Evangelho - Lc 9,43b-45

O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens.

O Evangelho apresenta-nos uma história de confronto entre a “sabedoria de Deus” e a “sabedoria do mundo”. Jesus, imbuído da lógica de Deus, está disposto a aceitar o projeto do Pai e a fazer da sua vida um dom de amor aos homens; os discípulos, imbuídos da lógica do mundo, não têm dificuldade em entender essa opção e em comprometer-se com esse projeto. Jesus avisa-os, contudo, de que só há lugar na comunidade cristã para quem escuta os desafios de Deus e aceita fazer da vida um serviço aos irmãos, particularmente aos humildes, aos pequenos, aos pobres.

O poder é necessário. Os dons que recebemos nos transformam em pessoas "com poder”, com possibilidades, com graça. Quando nosso poder é "deficiente" ou "insuficiente", então nós nos tornamos inúteis, incapazes, complexados e, quem sabe, ressentidos. Não é humilde quem renuncia ao poder recebido, quem sepulta o talento ou os talentos que seu Senhor lhe concedeu para que negocie com eles.

O poder, porem, tem armadilhas. Como tudo o que é bom pode ser desejado e usado “com excesso”. O mundo diabólico sabe que o poder é um excelente campo de ação e de conquista. Ai se desdobra toda sua imaginação para nós tentar e fazer cair.

Jesus advertiu - sobre tudo, em particular - a seus discípulos e discípulas. O poder é chamado a converter-se em serviço, em doação, em presente aos demais. Porém, quando o Maligno o infectar, se torna destrutivo, discriminador, competitivo, invejoso, auto-suficiente e soberbo, ávido, lascivo. No poder buscam casa os sete pecados capitais.

Hoje Jesus nos dá uma lição extraordinária sobre o poder. O faz por meio de uma sentença e por meio de um ícone vivente. A sentença é a seguinte: "Quem quer ser o primeiro, que seja o último de todos e o servidor de todos". O ícone vivente: "um menino em meio a todos, a quem Jesus abraça e considera seu representante”.

O bom poder é servir os irmãos e irmãs: de nenhuma forma para se sobrepor ou impor-se! O bom poder não é para receber honras, medalhas, ocupar os primeiros lugares... mais ao contrário, para servir “ocupando o último porto”.

O ícone vivente é um menino, do meio da comunidade, abraçado por Jesus. Não é o primeiro dos apóstolos, não é o mais talentoso e poderoso. Aquele menino é o espaço escolhido por Jesus para se expressar, ser acolhido. Sim, o menino se converte em vigário de Jesus e, por conseqüência, em vigário do Abbá. É impressionante esta imagem, quando Jesus fala precisamente do poder.

Era óbvio que um sistema religioso - baseado nesta concepção de poder - não tivera nenhum êxito político e que acabara nas catacumbas, ou nas prisões, ou nos patíbulos. Exatamente como o Filho do Homem! Assim foi até o início do século IV: uma comunidade que ocupava o “último posto”. E, quando se ocupa o último lugar na sociedade, não é improvável que dentro da comunidade se lute pelos primeiros postos que estão investidos de honras e privilégios? Aquela Igreja do último posto, foi a comunidade dos mártires, a comunidade dos iguais, irmãs e irmãos. Os carismas se diluíam no serviço e não se convertiam em medalhas, vestuários especiais, tratamentos honoríficos, posições de honra.

Quando o cristianismo foi oficializado, não resistiu à tentação e pouco a pouco foi permitido aproximar-se dos primeiros postos da sociedade. Produziu-se uma grande reorganização eclesiástica. Os "poderes carismáticos", para o serviço de todos, foram adquirindo um perfil muito institucional, foram projetados como elementos diferenciais e protegidos com insígnias exteriores que se tornaram visíveis. O representante de Jesus já não era o que significava um menino no meio de uma comunidade, mas um adulto revestido de poderes cada vez maiores e muito parecido a um imperador.

Nós deveríamos ser compreensivos com aqueles nossos irmãos que reinterpretarão dessa maneira a fé: depois de tantos anos de perseguição a Igreja merecia um respiro; a comunidade fez bem em projetar-se no mundo das possibilidades que o império lhe oferecia. Porem aqueles nossos irmãos, como nós também hoje, não estavam isentos da tentação. E o poder carismático nem sempre resistiu. Quando cedeu, adquiriu características mundanas. E para que não parecerem mundanos, terminaram depois sacralizados. A verdade é que Jesus já ia distante...

Perguntemos-nos - à luz das leituras hoje proclamadas, Evangelho de Marcos e do livro da Sabedoria - o que pensara Jesus de todo o sistema de distinções (no vestido, no tratamento, no local litúrgico, no alojamento) isso configura hoje a sua comunidade? Distinções entre alguns bispos e outros, alguns presbíteros e outros, entre os ministros ordenados e os laicos, entre a vida consagrada e a vida laical, entre os varões e as mulheres, entre o saudável e os doentes, as pessoas com meios econômicos e os pobres... E todas essas diferenças, são remarcadas com sinais de "distinção", por preferências entre primeiros, segundos e últimas posições...

Se expressa deste modo, visivelmente, como é difícil sermos a comunidade que Jesus sonhou: uma grande fraternidade. Nossos carismas - poderes de serviço - tendem a tornar-se rígidos, a petrificar-se, a converter-se em cargos de honra, em prêmios. Facilmente caímos na armadilha: fazer do serviço uma honra, um estado superior.

Será muito difícil de levar este evangelho seriamente, proclamado hoje, dadas as atuais estruturas. Não é estranho que os discípulos reajam com medo ante um Jesus de tais idéias e projetos. Jesus conhece muito bem o seu destino. Sabe que eles o matarão. Descobre que seu caminho não é ascendente, mais descendente. Não receberá, ao término de seus dias, qualquer cruz de ouro, qualquer medalha honorária, qualquer doutorado "honoris causa". O que receberá será a morte infame. Por isso, o símbolo da representação cristológica, é um menino, uma vítima inocente.

Sem nos darmos conta, eliminamos Jesus - suas palavras, sua mentalidade, seus sonhos - de nosso modo de viver. E é que tal radicalismo nos fere, nós incômoda, se opõe a nossas ações. Como nos sentimos bem quando subimos de nível, mesmo que seja só um pouco! Como nos sentimos bem quando dispomos de um pouco mais de poder, de influencia social! E como nos sentimos mal quando empreendemos o caminho de descida! Por isso, um Jesus sem pretensões de promoção, nos traz incômodo.

A única condecoração que Jesus esperava era a Ressurreição, a elevação e glorificação que nele agiriam o Abbá e o Espírito Santo.

A Igreja de irmãs e irmãos é fruto da superação de todo a forma de rivalidade, de inveja, de competitividade. Não é nada fácil de superar nossas paixões. Por isso, há guerras ao redor do poder. Invejas ao redor de quem obtem favores e presentes.

É bom reconhecer e utilizar os poderes recebidos. Cada um de nós é investido de "poderes carismáticos" únicos. Todos eles são chamados a servir. É bom reconhecê-los. Mas, evitemos todo “defeito” e todo o “excesso”. Entremos no estado da simplicidade evangélica e fraternal. Renunciemos a toda aquela ostentação a qual Jesus renunciou. Acabemos com tanta “mundanidade”. Busquemos de verdade, inclusive como religião entre as religiões, o último lugar. Ponhamos em nosso meio um cristianismo humilde, não violento, que não se auto-defende em demasia... como uma criança. Somente assim nossa fé, recuperara sua capacidade sedutora!

Jesus, que no meio de tua comunidade, eu seja como aquele menino sem pretensões em quem tu te vês refletido. Jesus, que em minha vida não pretenda grandezas que superem minha capacidade. Que não deseje honras, privilégios, me elevar a postos em que outros não me alcancem. Faz-me simplesmente irmão de todos, servidor de minhas irmãs e irmãos. E que todos juntos formemos a igreja dos humildes, dos menores, de quem sempre busca “os últimos postos ”.

José Cristo Rey Garcia Paredes

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