OS PASTORES VISITAM A SAGRADA FAMÍLIA
A liturgia de hoje coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes:
Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade da Santa Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projeto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.
Celebra-se, em segundo lugar,o Dia Mundial da Paz proposto pelo Papa Paulo VI, em 1968, aos homens de boa vontade, para que neste dia, se rezasse pela paz no mundo.
Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.
O Evangelho mostra como a chegada do projeto libertador de Deus (que se tornou realidade plena no nosso mundo através de Jesus) provoca alegria e felicidade naqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os marginalizados. Convida-nos também a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio libertador de Deus no meio dos homens.
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível aos projetos de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projeto divino de salvação para o mundo.
Faz poucas horas soavam as badaladas que concluíam o ano de 2010 e davam início ao ano de 2010. Muitos acontecimentos de nossa vida pessoal e social estiveram datados com a data de 2011. E como tais ficarão registrados nos anais da história e de nossa vida particular. Hoje se inicia uma nova datação dos fatos. E nos perguntamos com uma incerteza e um secreto estupor: o que nos ocorrerá neste ano 2011?
Tememos, antes de tudo, notícias de morte, de fracassos, de doenças, de males e catástrofes. Esperamos, também, boas notícias de vida, de sucesso, de bem-estar, de acontecimentos extraordinários.
Que bom é, então, suplicar ao começo do ano uma bênção a Deus!
A primeira leitura nos diz como Aarão e seus filhos deviam abençoar os israelitas - segundo o mandato de Deus -. Essa bênção é também aquela com a qual a mãe Igreja nos abençoa, ao iniciar este ano, e contém três desejos:
| "O Senhor te abençoe e te proteja" |
| "O Senhor faça brilhar seu rosto sobre ti e te seja propício" |
| “O Senhor volte para ti seu rosto e te conceda a paz" |
Unir nossa vida ao nome de Deus é a maior bênção. Invocar seu nome é sinal de uma relação estreita, permanente com Ele. A maior bênção é viver em permanente relação com nosso Senhor Deus. Ele será nosso protetor, nos favorecerá nos concederá a paz em todos os momentos e fará que seu rosto brilhe sobre nós, que caiamos em Sua graça! Igual a que pôs seus olhos na humilhação de sua serva, Maria, também os colocará sobre nós.
Experimentemos, ao começar este ano, essa presença de Deus, essa mão poderosa que nos protege esse olhar que nos ama. Por isso, comecemos o ano com o melhor dos sorrisos e a melhor das certezas: estamos nas mãos de Deus, sob a luz de seu olhar! Que mais queremos?
Jesus, desde o princípio, levou em seu corpo o sinal desta Bênção. Aos oito dias quiseram seus pais, Maria e José, que fosse circuncidado, isto é, que recebesse em seu corpo a marca da Aliança com Deus. Eles queriam que seu filho Jesus, já desde o princípio, aparecesse como um "aliado" de Deus. O que expressava o sacramento da circuncisão. Mas Jesus não só precisava da bênção de Deus, Ele se converteu em nossa bênção. Tê-lo em nossa terra é a maior bênção. Conectar com Jesus e acolhê-lo, introduzi-lo em nossa vida, não é a maior bênção?
Assim entenderam aqueles pastores que acreditaram no que tinham ouvido e depois experimentado ou visto pessoalmente e que, finalmente relataram aos demais. Fora temores ou más expectativas ante o ano que vem! O único medo que deve nos preocupar é perder o contato e a Aliança com nosso Deus, ainda que seja o esquecimento por um só instante de Seu nome. Comunguemos todos os dias a Jesus e teremos bênção diária.
Chama-me a atenção o fato dos pastores encontrarem Jesus recostado num presépio. Sabemos que o presépio era, por assim dizê-lo, a mesa na qual comem os animais. Sobre essa mesa há não só um alimento para a vida, senão o Pão da Vida. Não era Bethlehem a casa do Pão? O pequeno Jesus é colocado na mesa mais pobre que poderíamos imaginar como Alimento de Deus, bênção de Deus. Quem não comerá este presente que recebemos das mãos de Maria e de José?
Sem sabê-lo, milhões de seres humanos sentem no Natal algo especial que não sabem descrever. Além dos tópicos aos que recorremos - que são os consumismos, a secularização das festas -, eu creio que há algo mais profundo: uma necessidade de presentear, de encontrar-se com os demais, um desejo profundo de paz, de harmonia, nostalgia de amores impossíveis, evocações de pessoas muito queridas, luzes nas noites da vida, sonhos flutuantes que nos devolvem a ilusão. Não é tudo isto, sinal de uma Bênção misteriosa que nos invade?
Abramo-nos à Bênção que se nos concede. Que há bênção para todos. Que o Abbá nos ama, porque é Amor de Mãe - unida a seu Esposo José - nos oferece seu melhor presente, o Filho comum, Deus e Homem, a Carne que nos salva, JESUS.
José Cristo Rey Garcia Paredes
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