27 de Dezembro
Evangelho - Jo 20,2-28
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João (Jo 20,1-9) |
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Ver e crer |
Chama a atenção no Evangelho de hoje, que não se relate nenhuma aparição. Somente a experiência do sepulcro vazio! Chega Maria Madalena; descobre que o corpo não está e seu desconcerto a leva a comunicar aos demais que "não sabe onde o puseram". Chegam depois ao sepulcro os dois discípulos, Pedro e "o outro discípulo, a quem Jesus amava". Pedro vê, constata. Mas não interpreta o fato. O discípulo amado vê e interpreta em seguida: lhe ilumina a fé, porque encontra o sentido da Escritura. É como se tivesse dito: basta ler a Escritura para dar-se conta de que tinha que ressuscitar dentre os mortos! Não há aparição de Jesus, senão fé. O discípulo amado não precisa mais. Crê imediatamente depois de ver uns indícios! O racionalismo de nosso tempo nos leva a uma tremenda desconfiança que fecha as portas à fé. Colocados a duvidar, duvidamos de tudo. Assim fechamos todas as portas a qualquer experiência nova, diferente... ao maior fato da história. A fé na ressurreição não é uma vã credulidade. Nasce de ser "discípulo amado", da amizade íntima com Jesus. Quem vive em comunhão com Ele tem uma sensibilidade especial: a sensibilidade da fé. Esta sensibilidade é contagiosa e pode chegar a invadir o mundo. O testemunho dos que viram e creram falam, sobretudo, de Deus Pai. Proclamam que Deus estava com Jesus em toda sua vida na terra, que Deus ressuscitou a quem seus inimigos mataram; que Deus fez com que o “ver material” fosse iluminado pelo “ver da fé”. Mas, o testemunho proclama que Jesus quis que suas testemunhas pregassem ao povo, dessem depoimento de que o Crucificado-Ressuscitado, é agora elo de Critério, de Norma, da vida e da morte. E, mais ainda, que seu Nome proclamado e confessado traz consigo o perdão dos pecados e a emergência de uma nova forma de vida. Nos diz a Segunda Leitura, tomada da carta aos Colossenses: não só Jesus recebe do Pai a nova vida, também nós! Jesus não ressuscita só. Com ele ressuscitamos nós e recebemos uma nova vida. O que ocorre é que esta nova vida está oculta. Nossa vida não é visível. Está escondida "com Cristo em Deus". A invisibilidade de Jesus leva consigo a invisibilidade daquilo que mais nos pertence, de nossa vida. Quando aparecer Ele também nossa vida aparecerá, gloriosa. Por isso, sejamos conscientes pela fé desta nova vida. Descubramos essa outra dimensão que nos constitui. Deixemos que essa imagem de Deus, refletida em nós, vá-nos pouco a pouco glorificando. Talvez possamos ser cada um de nós o reflexo vivente do Senhor Ressuscitado. Nisso consiste o depoimento contagioso. Não bastam palavras, nem ações, nem intenções, é necessário ter sido tocado pelo Amor do Ressuscitado! |
José Cristo Rey Garcia Paredes
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