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22 de nov. de 2010

A viuva e sua pobre oferta ao Templo - Fr. José Luís Queimado

Segunda-feira, 22 de novembro de 2010

“O importante não é vencer todos os dias, mas lutar sempre.” (Waldemar Valle Martins)

Lc 21,1-4

DOAR-SE POR INTEIRO PARA DESTRUIR A EXPLORAÇÃO!

Esta passagem do Evangelho, ainda que não pareça, é muito complicada de ser entendida. Como vocês todos já sabem, caros leitores, os Evangelhos foram escritos muitos anos depois da morte e ressurreição de Jesus. Muitas falas de Jesus foram guardadas na memória do povo, que ainda recitava as palavras do Mestre. Porém, quando os redatores dos Evangelhos começaram a escrever, muitas palavras do Mestre foram adaptadas. Mesmo que não concordemos com essa afirmação, essa é a realidade. Basta olhar na diversidade que existe entre os quatro Evangelhos, escritos em tempos diferentes.

Depois dessa introdução, podemos analisar esse texto. Jesus admira a doação da viúva, que deposita tudo o que tem no cofre do templo. Entretanto, sabemos que havia muita exploração por parte daqueles que cuidavam das oferendas do templo. Além de pagar pesados tributos ao Império Romano (tanto quanto pagamos de imposto hoje), os pobres de Israel tinham de dar uma contribuição ao templo. A oferta ou o dízimo deveriam ser pagos sem falta; essa não é a idéia que temos de dízimo nos dias de hoje. Pelo menos não era para ser essa a idéia! E a situação de uma viúva era ainda pior, é isso que veremos adiante.

A viúva (em grego: χήρα - chéra) era um dos seres mais frágeis da sociedade israelita. Numa realidade machista, a mulher era dependente do homem, pois esse provia a casa dos bens necessários. A mulher deveria ser uma boa e obediente esposa. Quando o marido falecia, a mulher ficava totalmente desamparada, pois perdia todos os direitos que a vida matrimonial lhe oferecia. Assim também eram os órfãos e os estrangeiros. Por isso, a exploração da viúva seria um grande pecado.

Talvez o evangelista quisesse mostrar o quanto Jesus se preocupava com a doação total de seus discípulos, que não deveriam imitar aqueles ricos. O sonho do Mestre era que os seus seguidores pudessem levar a sua mensagem de amor a todos os cantos da Terra, e isso exigia grande abnegação, – assim como fez a viúva. Mas é certo que Jesus reprovava a exploração dos pobres que os dirigentes do templo faziam. E é claro que Jesus muitas vezes questionou e foi contra as irregularidades que aconteciam na casa de Deus.

Que nós, cristãos apaixonados por Jesus, possamos dar aquilo que nos é essencial. Entregar a Deus a nossa própria vida. E isso se faz de várias formas: lutando pelas causas sociais; resgatando os sofredores de suas mordaças; vivendo com alegria o presente de Deus, que é a nossa vida; e amando os seres humanos que fazem parte de nossa história. Ainda que a viúva não seja o exemplo a ser seguido pelos pobres, que já são suficientemente explorados, temos de beber de um significado alternativo da leitura de hoje: o missão de Jesus exige de nós muita abnegação! Doação total de nossos dons para a construção do Reino de Deus.

Hoje, também, comemoramos o dia de santa Cecília, padroeira dos músicos. As datas de nascimento e de morte de Cecília são obscuras, mas a hipótese é que ela tenha sido martirizada no governo do imperador romano marco Aurélio, talvez em 180 d.C. Ela se tornou a padroeira dos músicos porque a tradição diz que, enquanto morria, Cecília cantava glorificando a Deus. Ela e seu marido, Valeriano, foram martirizados por abraçar a fé em Jesus Cristo. Que Santa Cecília seja o exemplo de coragem e perseverança para todos nós, cristãos!

Fr. José Luís Queimado, CSsR.

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