Evangelho - Mt 22,1-14
No nosso texto, a questão decisiva não é se Deus convida ou se não convida; mas é se aceita ou se não se aceita o convite de Deus para o “banquete” do Reino. Os convidados que não aceitaram o convite representam aqueles que estão demasiado preocupados dirigindo uma empresa de sucesso, ou conquistando os seus cinco minutos de fama, ou impondo aos outros os seus próprios esquemas e projetos, ou explorando o bem estar que o dinheiro lhes conquistou e não têm tempo para os desafios de Deus. Vivemos obcecados com o imediato, o politicamente correto, o palpável, o material, e prescindimos dos valores eternos, duradouros, exigentes, que exigem o dom da própria vida. A questão é: onde é que está a verdadeira felicidade? Nos valores do Reino, ou nesses valores efêmeros que nos absorvem e nos dominam?
Comentário Quando se abrem as barreiras!
Que bodas, para qual banquete somos convidados hoje? Há algo que celebrar, algo que tem muito que ver com uma Aliança, com um Matrimônio? Onde se está celebrando hoje, na terra, a festa do Reino de Deus, o banquete do Matrimônio de Deus com sua Esposa, a Humanidade, a Aliança nova e eterna? Em que lugar e em que tempo a festa é celebrada? Porém, antes de tudo, há festa, banquete e matrimônio?
Pareceria que não. Tão mal vemos as coisas, a caminhada do mundo, que muitas vezes opinamos e o que podemos celebrar são funerais, a única coisa que nos pedem são jejuns, abstinência e lamentações por um mundo que vai de mal a pior..
Porém essa "visão" da realidade não é a de Jesus, não é a de Deus; porque Deus continua presente na terra através de seu Filho e de seu Espírito; porque a nova Aliança é definitiva não foi revogada; porque estamos no tempo em que se espera a chegada do Esposo e se antecipa a festa de Bodas, o Banquete da Aliança.
Deus já está na terra, entre nós. Deus está aqui, tentando estreitar os laços com todos nós, enamorando as pessoas, cortejando-as, seduzindo-as. E há muitas pessoas que se deixam seduzir... à sua maneira! Cada nova geração conta com o amor apaixonado de Deus que a procura, lhe mostra seu amor, a seduz. Deus conta em cada geração com novos admiradores e admiradoras, pessoas que estão dispostas a dar-lhe seu amor, a unir-se a Ele, à sua maneira. O Deus–enamorado-de-nós não se cansa de nos procurar, de nos manifestar a sua compaixão e seu desejo de Aliança sem voltar atrás.
E, por isso, há matrimônio de Deus com cada geração, com muitas pessoas e há festa de bodas para as quais somos convidados. E se celebra de muitas formas, em diversos lugares e tempos, em espaços sagrados e não tão sagrados. A questão é saber "onde é" e não perder o evento.
A festa de Bodas acontece onde se celebram eventos de liberação, depois de ditaduras que envelhecem o ser humano; acontece lá onde a Fé se converte na alma dos grupos humanos e reveste de esperança, felicidade e festeja seus encontros; lá onde os indivíduos se sentem interiormente curados de seus males, tirados de seus poços, salvos do seu desespero; lá onde mesmo Deus é acolhido “sacramentalmente” e lhe permitimos celebrar a Aliança e nos oferecer sua Palavra, o Corpo e o Sangue de seu Filho; lá onde o Espírito inova, move, transforma, começa um Pentecostes novo.
A Festa da Aliança está acontecendo, mas alguns ou muitos se auto-excluem dela. Tudo está preparado, porém não se mostram interessados para ir ao banquete que lhes é oferecido. Preferem continuar em seus negócios, em sua visão das coisas, em sua forma caduca de pensar e de viver. Não querem abrir-se às surpresas, para a novidade, para a festa imprevisível. Com sua atitude querem impedir o Matrimônio e sua Celebração.
A Festa da Aliança conta, porém, com muitas pessoas que aderem a ela, que se sentem convidadas: será uma romaria, uma peregrinação, será uma festa de liberação popular, será um otimismo vital que agrega o grupo, será um sonho compartilhado que todos energiza e inova. Se em alguns lugares alguns se auto–excluem, em outros a fecundidade da fé e a chamada é surpreendente.
O lugar da Festa está se enchendo de estrangeiros que não são estranhos, mas familiares de Deus. As posições vazias são ocupadas por muitos convidados. A festa não deixa de ser celebrada. Esse não é o lugar das leis, das exclusões, de super-controles na hora de entrar. Entre milhares e milhares de convidados, somente um é encontrado com uma veste indigna!
A história de nossa humanidade atual é - a partir desta perspectiva - o relato estendido de uma Festa de Aliança que não termina.
É a Igreja lugar de Festa, de Encontro dos diferentes, de não-exclusão? É também lugar de Perdão, de Reconciliação dos Filhos dispersos de Deus? Há necessidade de impor-se condições para entrar no banquete, ou as condições serão as mínimas, de forma que a sala do banquete fique cheia e não fiquem posições vazias?
Quando as Igrejas se esvaziam nós nos perguntamos: o que estará ocorrendo? É bom que se saltem os obstáculos, e nos sintamos inundados pela riqueza que nos vem das nações. Isto não termina... A Festa terá sempre novos convidados.
José Cristo Rey Garcia Paredes
CONCLUSÃO
A proposta de Jesus é feita para todas as pessoas de boa vontade, mas exige resposta incondicional e adesão aos valores do Reino e ao seu projeto. Muitos valores da sociedade atual apresentam-se como concorrentes aos valores do Reino e fazem com que outras escolhas sejam possíveis, assim como a possibilidade de rejeição do projeto de Cristo. Mas também acontece que algumas pessoas dão a sua adesão ao projeto de Jesus, no entanto se tornam pessoas divididas porque não conseguem deixar os valores anteriores e a suas vidas são caracterizadas pela duplicidade. Essas pessoas participam do banquete, mas as suas vestes não são apropriadas. (CNBB).
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