Mt 8, 18-22
Para o seguimento, Jesus é radical; não consegue enxergar meio termo para segui-lo. Deve ser de forma plena. Deixar tudo para trás e começar uma nova vida. Um discípulo em potencial de Jesus, citado por Mateus, é avisado de que a vida de seguidor não é fácil; que o Reino de Deus é desafiador. Jesus, vendo o escriba, somente o alerta de que os animais são mais aventurados do que os próprios construtores do Reino.
Toda raposa possui sua toca, e todo pássaro possui seu ninho, mas Jesus não tem paradeiro, é um missionário, um andante da evangelização. Quem seria capaz de seguir a esse transeunte da Boa-Nova?
Uma passagem muito intrigante e esquisita segue a fala do escriba. Um outro discípulo em possibilidade diz que seguirá Jesus, mas, antes, faz um pequeno pedido de piedade: sepultar o pai que morreu. É clara a construção do evangelista aqui. Há somente uma correspondente em Lc 9, 60. João e Marcos nada falam de mortos enterrarem seus mortos. Mas é evidente que aqui se refere às pessoas que ainda não escolheram a nova vida apresentada pelo Mestre.
Os que não acolheram a Jesus, mesmo os que não o conheceram, são pessoas que ainda vivem na antiga vida, que não conhecem a beleza de um Deus amigo e pai. Esses devem continuar a vida deles, enquanto que os discípulos têm de levar-lhes a Boa-Nova. Eram mortos para a realidade salvífica que se aproximava, mas viveram pela doação total do Nazareno.
Muitas vezes, nós nos vemos fazendo os atos da antiga vida: desprezando as pessoas, julgando-as, caluniando-as e odiando-as. Isto é, continuamos mortos enterrando a outros mortos. Na realidade, devemos enterrar o que mata a nós mesmos e aos outros, para participarmos da vida do Ressuscitado. O seguimento faz grandes exigências, e é por isso que, muitíssimas vezes, não encontraremos um local para reclinar as nossas cabeças!
Fr. José Luís Queimado, CSsR
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