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10 de dez. de 2011

“Quem vai trabalhar na vinha?” – Claudinei M. Oliveira



 Terça - feira, 13 de Dezembro

Evangelho – Mt 21,28-32

 

            O evangelista Mateus  contrapõe  à sua comunidade a prática real da prática irreal. Muitos cristãos confirmam piamente de que têm fé e sempre fazem a vontade de Deus, afirmam que a salvação já está garantida, pois revelam o espírito fraternal na oração e não blasfemam contra o nome do Senhor. Entretanto, por trás da realidade oculta, maltratam e violentam  os excluídos e marginalizados, excomungam e desfazem dos irmãos que perambulam pelas estradas da vida, como senhores da verdade. Para Mateus, um publicano no passado,  agora entregue ao caminho da glória, a prática não está condizendo com a realidade salvífica.

 

            O exemplo de Mateus está no encontro de Jesus com os fariseus. Diante deles Jesus exprime a parábola dos irmãos que foram convidados para o trabalho na vinha. Um aceitou o convite do trabalho, ficou entusiasmado, declarou afeição, mas não compareceu, isto é, deixou a desejar quanto ao compromisso assumido. Outro rejeitou o convite de cara, não aceitou e, afirmou que não iria mesmo trabalhar, mas seu coração não suportou ter negado e de mansinho, concretizou a missão. Jesus perguntou aos fariseus qual dos dois agiu corretamente. Claro que acertaram! Foi aquele que não aceitou o convite e arrependeu-se, disseram os fariseus. Porém, Jesus terminou a fala com os fariseus de modo surpreendente: "Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Pois João veio até vós, caminhando na justiça, e não acreditastes nele. Mas os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes, para crer nele.  O recado para os fariseus foi claro: não adianta falar da boca para fora que ama e pratica a justiça de Deus, se não concretizar em ações diante de Deus. Tudo que estão fazendo não vale nada para a construção do Reino da glória.

 

                        Agora a comunidade de Mateus pôde entender, pois muitos foram chamados  ao trabalho na vinha, mas poucos aceitaram a missão. Não se pode negar ao serviço da evangelização. As nuances do Reino exigem não somente fala, mas gestos concretos, ir além das aparências, mergulhar de corpo e alma na proposta da vitalização de um mundo melhor e mais humano. Porém, todos os mortais do mundo terreno são chamados, uns compreenderão num estalar de dedos, outros demorarão ler os sinais, mas o que importa é a prática da libertação ao descobrir  seu chamado.

 

            O texto do Evangelho é para chocar mesmo o leitor desavisado. O texto tem que causar convulsão e náusea naqueles que acreditam que somente os certinhos são os escolhidos para o Reino. Na verdade, não importa o que cada um faz da vida: seja prostituta, garoto de  programa, drogados, assassinos, ladrões, corruptos ou péssimo político. O que importa é o arrependimento das ações erradas e a praticidade da equidade do Evangelho. Seja rico ou pobre, negro ou branco, ateu ou cristão: todos têm a oportunidade de realizar algo para melhorar a vida em harmonia com o Pai.

 

            Para tanto, é preciso ouvir retamente a palavra de Deus e ter fé para levantar a cabeça e mudar de atitude. Importante isto, não desanimar do serviço, nada se conquista na moleza, o serviço do Reino é árduo, exigente e necessita da persistência. Muitas vezes, a palavra não será ouvida, muitos zombaram da atitude do cristão, mas com afinco e com a certeza da missão, nada poderá impedir de trabalhar. A vinha que á roça de Deus, está cheia de pragas e insetos. Cabe a cada cristão destemido limpar o roçado e deixá-lo habitável para os filhos que desejam colher uma boa safra, mas a safra da salvação.

 

            Portanto, que sejamos um trabalhador da vinha que ouve e pratica a justiça para o bem de todos, na certeza da missão cumprida, para a realização da graça do Senhor no meio do povo sofrido. Assim, estaremos alinhando-se na mensagem de João Batista: arrependa-se dos pecados  e creia no evangelho. Amém!

 

Que o menino Jesus nos ensine a sermos trabalhadores na vinha.  Abraços, Claudinei M. de Oliveira
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