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14 de mar. de 2012

“Jerusalém e festa e o povo morrendo” – Claudinei M. Oliveira




Terça - feira, 20 de março de 2012
Evangelho: Jo  5,1-16

            No Evangelho de hoje Jesus cura um doente acamado no sábado, contrariando as leis judaicas de guardar este dia como sinal de respeito e da vivência da graça no Senhor. Porém, como ninguém sensibilizava com o acamado em levá-lo no movimento da água na piscina para receber a glória da cura, continuava abandonado na esperança da libertação do mal.
            Esta foi à cena que Jesus presenciou ao chegar a Jerusalém: pessoas em volta da piscina milagrosa como os cegos, paralíticos e coxos na  certeza de serem revitalizadas e uma festa dos judeus, na qual selavam pactos com os religiosos para explorar o povo  já excluído.
            A festa judaica que deveria celebrar a libertação da escravidão do antigo Egito continuava a celebrar a ignorância e a alvitres de um pequeno grupo. Este, por sua vez,  reunia para vangloriar suas conquistas em detrimento da opressão dos pobres.
            Jesus não participa da festa dos “escolhidos”, mas participa da festa dos pobres. Ele sensibiliza com a dura realidade dos abandonados, enquanto os abutres se deleitavam nas luxúrias. Com pode um homem permanecer doente trinta e oito anos (uma geração) e não encontrar nenhuma alma sensível para ajudá-lo? Como pode engrandecer ao Senhor pelas dádivas recebidas enquanto milhares de homens rastejavam para encontrar a dignidade? Claro que Jesus ficava incomodado com a situação em voga. Este povo deveria encontrar um caminho que levasse para o entendimento e não para a separação ou para a discriminação.
            Na verdade o evangelista João quer nos mostrar que o homem acamado simboliza o povo sem vida em Jerusalém.  São pessoas que querem viver, querem encontrar fraternidade, mas não são bem vindos na cidade dos perversos e dos doutores exploradores. Estes marginalizados deveriam continuar  aos pés dos senhores e com poucos favores levar a vida até quando Deus tiver piedade para levá-los aos céus.  São, portanto, todos os povos que foram cegados, mutilados e paralisados pelo ensinamento da Lei, criando, assim, uma dicotomia entre o povo que no passado  havia sobrevivido dura vida  e um povo  que clama por justiça e vida.  Na verdade eram pessoas sendo  espoliadas e mortas em nome de Deus. Imagina a grande injustiça que o homem poderoso estava cometendo.
            Diante de Jesus está a perversidade grotesca de alguns homens. Para não matar de vez o povo que já se encontrava sem vida e  sem esperança, criava falsas ilusões de que no borbulhar das águas  a cura poderia acontecer. Esta não é a religião que Jesus sempre mostrou na sua prática. Jesus foi bom, amoroso e piedoso com todos, não enganava ninguém, aliás, Jesus alertava ao perigo que porventura poderia acometer-se. Jesus foi um grande amigo de verdade.
            Jesus é a água viva que nasce para jorrar nos canteiros ressequidos na intenção de fazer germinar as sementes e produzir bons frutos. A água parada da piscina não alimenta a vivacidade da fé do povo, aquela água enganava e matava quem dela precisasse. Por isso a religião deveria ser um grande manancial de água pura e viva, que abrisse as portas para acolher todos sem distinção de credo, raça ou cultura.
            Contudo, deveríamos procurar a cura das nossas doenças na palavra de Jesus. Temos cegueiras que impedem nosso olhar para o altar de Deus e nele busquemos soluções para os problemas do cotidiano, porém, não poderemos errar ao procurar a água viva de Jesus, pois se têm por ai muitos falsos profetas aproveitando das doenças do povo para explorá-lo.
            O que poderemos fazer é acreditar na Santa Palavra da libertação  e apegar com muita fé na vivacidade do amor de Jesus. Façamos a escolha certa. Amém!
            Buscai água viva. Claudinei M. Oliveira

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