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31 de mai. de 2010

EUCARISTIA


Evangelho: Lucas 9,11b-17
Todos comeram e ficaram satisfeitos.

A primeira leitura de hoje é uma espécie de prefiguração sacercotal-eucarística na misteriosa pessoa de Melquisedec. A segunda leitura nos faz passar da imagem à realidade, através da catequese eucarística de Paulo à comunidade de Corinto. Finalmente, o evangelho nos recorda que a eucaristia é e deve ser sempre expressão e fonte de caridade: nasce do amor de Cristo e se torna fundamento do amor entre os fiéis reunidos em torno do Pão doado por Jesus e distribuído por seus discípulos entre os irmãos.

A eucaristia sustenta toda a vida da comunidade dos crentes. Enquanto tornamos presente o “amor até o extremo” pelo qual Jesus ofereceu sua vida na cruz (passado), nos comprometemos a formar um só corpo, animado pela fé e pela caridade solidária (presente), “enquanto esperamos sua vinda gloriosa” (1Cor 11,26) (futuro).

A primeira leitura (Gn 14,18-20) é um antigo texto, originalmente talvez de natureza político-militar, no qual o misterioso personagem Melquisedec, rei de Salém, oferece a Abraão um pouco de pão e de vinho. Trata-se de um gesto de solidariedade: através daquele alimento, Abraão e seus homens podem se estabelecer depois de voltar da batalha contra quatro reis (Gn 14,17). A passagem, contudo, parece conter uma cena de caráter religioso, sendo Melquisedec um sacerdote segundo a práxis teológica oriental.

O gesto poderia conter um matiz de sacrifício ou de rito de ação de graças pela vitória. O v. 19, entretanto, conserva as palavras de uma bênção. As palavras de Melquisedec e seu gesto oferecem uma nova luz sobre a vida de Abraão: seus inimigos foram derrotados e seu nome é enaltecido por um rei-sacerdote. O capítulo 7 da Carta aos Hebreus tornou possível uma reflexão em torno do Cristo Sacerdote à luz deste misterioso texto do Genesis, segundo a linha teológica e já presente nas palavras do Sl 110,4 dirige ao rei-messias: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec”.

A segunda leitura (1Cor 11,23-26) pertence à catequese que Paulo dirige à comunidade de Corinto em relação com a celebração das assembléias cristãs, onde os mais poderosos e ricos humilhavam e desprezavam os mais pobres. Paulo aproveita a oportunidade para recordar uma antiga tradição recebida sobre a ceia eucarística, já que o desprezo, a humilhação e a falta de atenção aos pobres nas assembléias estavam destruindo pela raiz o sentido mais profundo da Ceia do Senhor.

Coloca-se assim em sintonia com os profetas do Antigo Testamento que haviam condenado com energia o culto hipócrita que não ia acompanhado de uma vida de caridade e de justiça (cf. Am 5,21-25; Is 1,10-20), a exemplo de Jesus (cf. Mt 5,23-24; Mc 7,9-13). A Eucaristia, memorial da entrega de amor de Jesus, deve ser vivida pelos crentes com o mesmo espírito de doação e de caridade como o Senhor “entregou” seu corpo e seu sangue na cruz por “vós”.

A leitura paulina nos recorda as palavras de Jesus na última ceia, com as quais o Senhor interpretou sua futura paixão e morte como “aliança selada com seu sangue” (1Cor 11,25) e “corpo entregue por vós” (1Cor 11,24), mistério de amor que se atualiza e se torna presente “cada vez que comam este pão e bebam este cálice” (1Cor 11,26). A fórmula do cálice eucarístico, semelhante à fórmula da última ceia em Lucas (Mateus e Marcos refletem uma outra tradição), está centrada no tema da nova aliança, que lembra a célebre passagem de Jer 31,31-33. Cristo estabelece uma verdadeira aliança que se realiza, não através do sangue de animais, derramado sobre o povo (Ex 24), mas com seu próprio sangue, instrumento perfeito de comunhão entre Deus e os homens.

A celebração eucarística abraça e enche toda a história dando-lhe um novo sentido: torna presente realmente a Jesus em seu mistério de amor e de doação na Cruz (passado); a comunidade, obediente ao mandato de seu Senhor, deverá repetir o gesto da ceia continuamente enquanto dure a história “em memória de mim” (1Cor 11,24) (presente); e o fará sempre com a expectativa de sua, “até que ele venha” (1 Cor 11,26) (futuro). O mistério da instituição da Eucaristia nasce do amor de Cristo que se entrega por nós e, portanto, deverá sempre ser vivido e celebrado no amor e na entrega generosa, à imagem do Senhor, sem divisões nem hipocrisias.

O evangelho (Lucas 9,10-17) relata o episódio da multiplicação dos pães, que aparece com diversos matizes também nos outros evangelhos (duas vezes em Marcos), o que demonstra, não somente que o evento possui um alto grau de historicidade, mas que também é fundamental para compreender a missão de Jesus.

Jesus está próximo de Betsaida e tem diante de si uma grande multidão de gente pobre, enferma, faminta. É a este povo marginalizado e oprimido, ao qual Jesus se dirige, “falando-lhes do reino de Deus e curando aos necessitados” (v. 11). Na sequência, Lucas acrescenta um dado importante com o qual introduz o diálogo entre Jesus e os Doze: começa a cair a tarde (v. 12). O momento lembra o convite dos dois peregrinos que caminhavam para Emaús, precisamente ao cair da tarde: “Fica conosco, Senhor, porque é tarde e o dia declina” (Lc 24,29). Nos dois episódios, a bênção do pão acontece no fim da tarde.

O diálogo entre Jesus e os Doze coloca em evidencia duas perspectivas. Por uma parte os apóstolos que querem enviar o povo às cidades vizinhas para que comprem comida, propõem uma solução “realista”. No fundo, pensam que está bem dar graças à pregação, porém que é justo que cada qual se preocupe com o material. A perspectiva de Jesus, contudo, representa a iniciativa do amor, a gratuidade total e a prova inquestionável de que o anúncio do reino abarca também a solução às necessidades materiais do povo.

No final do v. 12 percebemos que tudo está ocorrendo em um lugar desértico. Isto lembra, sem dúvida, o começo do povo eleito através do deserto desde o Egito até a terra prometida, época na qual Israel experimentou a misericórdia divina, através dos grandes prodígios, como por exemplo, o dom do maná. A atitude dos discípulos lembra as resistências e a incredulidade de Israel diante do poder de Deus que se concretiza através de obras salvadoras a favor do povo (Ex 16,3-4).

A resposta de Jesus: “dai-lhes vós mesmos de comer” (v. 13), não somente é provocativa, dada a pouca quantidade de alimento, mas que sobretudo tenta colocar em evidencia a missão dos discípulos no interior do gesto misericordioso que Jesus vai realizar. Os discípulos, naquela tarde e nas proximidades de Betsaida e ao longo de toda a história da Igreja, são chamados a colaborar com Jesus, preocupando-se por conseguir o pão para seus irmãos. Depois dos discípulos terem acomodado o povo, Jesus “tomou os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu, pronunciou a bênção, partiu-os e os deu aos discípulos para que os distribuíssem ao povo” (v.16).

O gesto de “elevar os olhos aos céus” coloca em evidencia a atitude orante de Jesus que vive em permanente comunhão com o Deus do reino; a bênção (a beraká hebraica) é uma oração que, ao mesmo tempo expressa gratuidade e louvor pelo dom recebido, ou que está para receber. É digno de nota que Jesus abençoe os alimentos, pois para ele “todos os alimentos são puros” (Mc 7,9), mas que bendiz a Deus pelo alimento reconhecendo-o como a fonte de todos os dons e todos os bens. O gesto de partir o pão e distribuí-lo indiscutivelmente recorda a última ceia de Jesus, na qual o Senhor dá um novo sentido ao pão e ao vinho da ceia pascal, fazendo-os sinal sacramental de sua vida e sua morte como dinamismo de amor até o extremo pelos seus.

No final todos ficam saciados e sobram doze cestos (v. 17). O tema da “saciedade” é típico do tempo messiânico. A saciedade é a conseqüência da ação poderosa de Deus no tempo messiânico (Ex 16,12; Sal 22,27; 78,29; Jr 31,14). Jesus é o grande profeta dos últimos tempos, que recapitula em si as grandes ações de Deus, que alimentou a seu povo no passado (Ex 16; 2Rs 4,42-44). Os doze cestos que sobram, não somente sublinha a superabundância do dom, mas que também coloca em evidencia o papel dos “doze” como mediadores na obra da salvação. Os Doze representam o fundamento da Igreja, são como a síntese e a raiz da comunidade cristã, chamada a colaborar ativamente a fim de que o dom de Jesus possa alcançar a todos os seres humanos.

No texto, como já vimos, diversos níveis de significado são sobrepostos uns aos outros. O milagre realizado por Jesus o apresenta como o projeta dos últimos tempos. Ao mesmo tempo o evento antecipa o gesto realizado por Jesus na última ceia, quando o Senhor doa à comunidade no pão e no vinho o sinal sacramental de sua presença.

Por outra parte, o dom do pão no deserto inaugura o tempo novo da fraternidade, que prefigura a comunhão escatológica em plenitude. Além disso, coloca-se em evidência, como já assinalamos antes, o papel essencial dos discípulos de Jesus como mediadores do reino. Através daqueles que cremos no Senhor deveria chegar a todos os homens o pão que do bem estar material, que permite uma vida digna de filhos de Deus, o pão da esperança e da gratuidade do amor, e sobretudo, o pão da Palavra e da Eucaristia, sacramento da presença de Jesus e de seu amor misericordioso em favor de todos os homens.

Missionários Claretianos

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