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27 de mai. de 2010

FIGUEIRA QUE NÃO DÁ FRUTOS SÃO AQUELES QUE NÃO ANUNCIAM A PALAVRA...

O Evangelho contém um convite a uma transformação radical da existência, a uma mudança de mentalidade, a um re-centrar a vida de forma que Deus e os seus valores passem a ser a nossa prioridade fundamental. Se isso não acontecer, diz Jesus, a nossa vida será cada vez mais controlada pelo egoísmo que leva à morte.

A proposta principal que Jesus nos apresenta chama-se “conversão”. Não se trata de penitência externa, ou de um simples arrependimento dos pecados; trata-se de um convite à mudança radical, à reformulação total da vida, da mentalidade, das atitudes, de forma que Deus e os seus valores passem a estar em primeiro lugar. É este ocaminho a que somos chamados a percorrer neste tempo quaresmal, a fim de renascermos, com Jesus, para a vida nova do Homem Novo. Concretamente, em que é que a minha mentalidade deve mudar? Quais são os valores a que eu dou prioridade e que me afastam de Deus e das suas propostas?

Existe uma conexão interessante entre a experiência de Moisés no Horeb e a parábola de Jesus sobre a figueira, entre a primeira leitura e o evangelho deste terceiro domingo da Quaresma. É a exegese (comentário) para a qual a liturgia nos convida! Trata-se da fecundidade ou infecundidade e também da prorrogação que nos é concedida para alcançá-lo.

O Deus por quem Moisés foi encontrado viu como seu povo sofria a escravidão na terra estranha e inóspita do Egito. Era uma terra que não permitia crescer, multiplicar-se, adquirir identidade e desenvolver sua capacidade criadora. Por isso, Deus decidiu transplantar seu povo e levá-lo para "a terra fértil e espaçosa, onde corre leite e mel”. Yahweh Deus - nome revelado a Moisés - decidiu transplantar “sua vinha amada”, ”sua figueira fecunda” desde o Egito para a terra de Canaã. O êxodo foi a historia acidentada desse transplante e desse sonho de Deus: uma maior fecundidade. A questão seria depois: que obteve Yahweh Deus com esse transplante?

Surpreende-me a freqüência com que Jesus, tanto nos evangelhos sinóticos como no quarto evangelho nos fala “dos frutos”. Até parece obcecado com a frutificação de todas as sementes que o Abbá depositou em nós: às vezes falam de talentos ou denários, outras de videira e sarmentos, outras de vinhas ou de figueiras. No fundo Jesus questiona a fecundidade de seu povo na nova terra.

Há uma tendência entre nós de não dar valor excessivo "aos frutos". Não tem boa fama teológica ou espiritual a “eficácia”. Tendemos a certa passividade, baseada na confiança quase cega na Graça que sempre atua e nos surpreende. Por isso, não queremos nos preocupar com números nem com a baixa fecundidade das esposas (baixa natalidade), nem com a baixa fecundidade das congregações ou com respeito às novas vocações, nem com a dissolução progressiva de grupos paroquiais, ou de grupos de jovens, nem com o abandono progressivo de nossas igrejas e de nossa fé...

A questão não passa pela eficácia, mais pelo dom da fecundidade que temos recebido e nossa responsabilidade ante o Deus que nos quer fecundos e férteis.

Recordemos a frase do Criador: “crescei e multiplicai-vos!”;

Os imperativos de nosso Senhor Jesus: “Eu os escolhi para vás e deis muitos frutos”, “a boa arvore dá bons frutos”, “por seus frutos os conhecereis”;

“O Pai quer obter os frutos de sua vinha”; o desejo do Abbá é que os discípulos e discípulas de Jesus “dêem frutos abundantes”

Porém, Jesus verifica a escassez ou ausência de frutos, embora não falte a folhagem e a aparência. O que fazer ante tal situação? A resposta de Jesus é: paciência! Embora conscientes de que o tempo é curto e o Senhor logo virá pedir as contas.

Em termos eclesiais podemos perguntar:

A Igreja católica é uma comunidade fecunda, fértil? É a missão que realizamos frutífera? Porque nós queixamos que nos perseguem e nos depreciam e não questionamos nossa superficialidade na hora de fazer propostas serias, nossa preguiça que nos leva a não buscar respostas adequadas a problemas novos? Nossa missão é infecunda porque lhe falta profundidade espiritual – atuamos nela como gerentes -, porque lhe faltam atualidade – como se vivêssemos em outra galáxia – e vontade política de acabar com as tradições absurdas, infecundas, inúteis. Há muitas pessoas ocupadas em dar brilho a objetos de velhas recordações que agora já não servem. Enquanto isto, tudo o que levamos entre nossas mãos nos envelhecem e as gerações cada vez menos se conectam conosco.

Folhagem não nos falta, porém o que frutifica? Nunca temos programado tanto, nunca como agora temos nos organizado tanto. A que se então a falta de fecundidade? Jesus nos falava da necessidade de “podar” para produzir mais frutos; e hoje nos evangelho nos fala de “cavar ao redor” e “aplicar esterco”. Como se interpreta isto hoje?

A nível pessoal, nós podemos planejar o seguinte:

Como estamos aproveitando o tempo para crescer, multiplicar-nos, sermos fecundos? Perder o tempo no que não vale a pena, não dar cumprimento ao tempo de que dispomos evitar os processos sérios de criação e substituí-los por rapidíssimas e ansiosas improvisações de última hora, nos leva a infecundidade. Dedicamos muito tempo ao que vale não a pena; e muito pouco ao que vale a pena.

Um artista passa muitas horas só, esperando o momento da inspiração; quando chega se entrega a ela apaixonadamente e não para até concluí-la. Quando o artista volta da solidão, sempre traz uma boa noticia.

Não há tempo a perder! Van Gogh se apressou em pintar a paisagem - rápido como uma locomotiva - porque a luz do dia estava terminando. Fellini se propôs a realizar em dez anos sua grande obra cinematográfica e se dizia depois: “depois... já não era possível”.

Dispomos de pouco tempo. O que nos é pedido não é fazer muitas coisas, mas sermos fecundos. Não é gastarmos e desgastamos, mas ser mediação de transformação. Estamos no tempo da prorrogação. Não nos podemos permitir o luxo de dedicar horas e horas em passatempos. Pedir-nos-ão conta! Com ele contribuímos para a morte dos outros. Uma vida sem sentido, infecunda, não colabora com a vida. Por isso, Jesus envolveu toda a uma geração infecunda na responsabilidade pela catástrofe da torre de Siloé: “se não os converteis todos parecereis da mesma maneira”.

Temos nos detido demasiadamente na lamentação. É hora de olhar para frente. Temos pouco tempo a nossa disposição. Muitos de nos estamos em tempos de prorrogação. Esta é a conversão que nos é pedida! Todavia é tempo de fecundidade!

José Cristo Rey Garcia Paredes

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