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24 de mai. de 2010

SENTAR A SUA DIREITA

OS DISCÍPULOS PEDIRAM PARA SENTAR-SE À DIREITA DE JESUS

No Evangelho, Jesus convida os discípulos a não se deixarem manipular por sonhos pessoais de ambição, de grandeza, de poder e de domínio, mas a fazerem da sua vida um dom de amor e de serviço. Chamados a seguir o Filho do Homem “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida”, os discípulos devem dar testemunho de uma nova ordem e propor, com o seu exemplo, um mundo livre do poder que escraviza.


O serviço que restaura e embeleza

No evangelho deste Domingo Jesus se chama a si mesmo o "Filho do Homem": "Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mais para servir a todos”.

Jesus sentia uma especial predileção por esta expressão na hora e falar de si mesmo. Basta recordar frases como: “o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça... padecera muito... será entregue....crucificado... ressuscitará... entrará nas nuvens do céu”, “se não comeis a carne do Filho do Homem e não bebeis seu sangue não terás vida vós”.

Poucas vezes falamos de Jesus com esta imagem. Utilizamos muito mais a imagem de “Cristo”, “Filho de Deus”, “Profeta”, “Sumo Sacerdote”, “Rei”. Porém, eu creio que é necessário recuperar na Igreja de hoje a contemplação de Jesus como “Filho do Homem”.

Ante tudo, ocorre estranheza! Trata-se de um personagem apocalíptico, do qual fala pela primeira vez o profeta Daniel. “Apocalíptico” quer dizer que este personagem intervém na luta de Deus contra os poderes do mal e na sua vitória definitiva. O profeta Daniel se refere aos impérios de opressão e morte que se sucedem na terra. Os descreve com imagens de bestas e monstros. A rede do mal se sucede e se múltipla até dar a impressão de que o mundo está afastado das mãos de Deus. A situação muda totalmente quando aparece um como “Filho do Homem”. A Ele é concedido todo o poder. Acaba imediatamente com os impérios bestiais e abre uma etapa de liberdade, de paz, de felicidade, onde todos encontram a Vida.

Jesus se identificou com este personagem. Os Evangelistas assim o ratificaram. Mais ainda: Jesus re-projetou nesta figura com características de humildade, de pobreza, de serviço, de não-violência e de entrega absoluta. Se os Poderes bestiais e monstruosos são caracterizados pelo orgulho, a vaidade, o desejo de ocupar as primeiras posições, o Filho do Homem opta pelo último posto, pela humildade mais absoluta, pela identificação com os excluídos. Se os Poderes bestiais se fazem servir, são impostos e tirânicos, o Filho do Homem só veio servir, lavar os pés, ajudar ao mais necessitado, dar a sua carne e seu sangue como alimento e bebida. Se os Poderes bestiais são "monstruosos", desumanos, carniceiros, o Filho do Homem estabelece um reinado "humano", não violento, de amor.

"Jesus, o filho do homem! vem do céu.... aparece misterioso junto ao Ancião para julgar o mundo e suplantar os poderes perversos que nos oprimem.

Filho do homem!
Nos pertences... és filho de nossa humanidade,
através de Maria.
Chegou a nós, não como um deus, um anjo;
ou um ser estranho, mais como homem,
como representante de todos -sem exclusões-.
Pouco a pouco nos fostes revelando tua identidade humana,
revelação de nossa identidade.
Estas entre nós, como o Grande e Primeiro.
Não queres “servidores”, “vassalos”, pessoas submetidas.
Tu vens para servir-nos, lavar nossos pés,
curar nossas feridas, expulsar nossos demônios,
conceder-nos o perdão, abrir as portas da Vida.

O tempo de Jesus é tempo "para o serviço". Passa as horas servindo os outros. Não tinha tempo nem para comer.

O sevicio que Jesus oferece, tem quatro características: pessoal, estético, terapêutico e ecológico.

Pessoal - Quando Jesus serve, tem presente a pessoa, o rosto, a individualidade. Não serve sem fixar-se. Não se trata de um serviço nervoso que dá bens sem atender a cada pessoa. Não vale qualquer serviço! Somente o serviço personalizado é digno do Filho do Homem, é humano.

Estético – O bom serviço normalmente é seguido de expressões como estas: que belo!, que estupendo! Jesus era belo servindo, orando pelos demais. A estética de seus gestos impressionava as pessoas que eram atendidas: seduzia a todos! A comunidade de Jesus tem a capacidade para seduzir através de seus belos gestos de serviço. E então, as pessoas as quais serve, se sentem dignificadas, honradas, pacificadas.

Terapêutico – O serviço, realizado a partir do amor, tem propriedades curativas. Exalta o abatido, enaltece o humilhado, os pobres os enche de bens, gera bem-aventurança. No verdadeiro serviço a alma envolve o corpo.

Ecológico – O menor serviço nunca está isolado. Entra na ecologia da ação. Reproduz-se das formas mais inesperadas: pelo seu exemplo, por sua generosidade que é geradora... As grandes redes de serviços que existe no mundo, nas diversas sociedades, seguem crescendo da forma mais inesperada. Qualquer serviço, por menor que seja -dar um copo de água- não passa despercebido: introduz novidade e vitalidade na rede! Os serviços de Jesus foram denominados nos quatro evangelhos “símbolos da Glória e Beleza de Deus”. Os símbolos da Glória embelezam o mundo, curam a humanidade, a dignificam.

Querer ser o primeiro sobre todos os demais, querer ser grande e diminuir os demais, é entrar em um caminho perigoso que leva a converte-se em besta e monstro -poder bestial-.

Dedicar-se ao serviço humilde, perder o tempo no outro, ocupar as últimas posições para atender melhor a todos, é entrar no caminho do Filho do Homem: nele cada pessoa merece nosso serviço samaritano. E nosso serviço embeleza o mundo, a sociedade, a comunidade e entra para fazer parte da rede na qual encontramos a salvação e felicidade.

A quem pertencemos, ao poder Bestial ou ao poder que humaniza? Nosso serviço está em consonância com o reinado do Filho do homem?

José Cristo Rey Garcia Paredes

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