Nesta pequena parte do Sermão da Montanha, podemos ver que Jesus profere palavras duras para a multidão, mas principalmente para os seus discípulos. Ele sabe que muitos rejeitarão a proposta da construção do Reino de Deus, da forma com que Jesus apresentava.
A dureza das palavras de Jesus deve ser lembrada em seu contexto. Os porcos e os cães eram os animais menos apreciados pelos judeus. Em Levítico 11, 7 e em Deuteronômio 14, 8 encontramos proibições severas ao consumo de carne do porco. A tradição sacerdotal foi aquela que mais relegou aos judeus a distinção entre pureza e impureza, por isso mesmo, nos tempos de Jesus, as tradições falavam muito para todos os judeus piedosos.
No primeiro livro de Samuel, capítulo 17, versículo 43, vemos que o gigante filisteu Golias pergunta se ele era um cão para Davi, pois este ia enfrentá-lo com um cajado. Vê-se, claramente, o desprezo pelo cão nesta passagem bíblica. E quando Jesus diz para não dar aos cães as coisas santas e não lançar pérolas aos porcos, ele queria incentivar os seus discípulos a não desperdiçarem tempo com aqueles que jamais aceitariam o projeto confiado pelo Pai.
Mas o mesmo Jesus jamais deixava de insistir com os seus ouvintes. Ele tinha muita esperança nas pessoas, e por isso fazia questão de resgatar primeiro aqueles que eram considerados cães e porcos pelos dominadores da época. A regra é muito clara para vivermos uma vida santa e justa: fazer às pessoas aquilo que gostaríamos que elas nos fizessem. Ou seja, se eu quero matar, roubar ou falar mal das pessoas, a regra é que eu avalie se seria bom que eu fosse morto, roubado ou caluniado por alguém. Se eu vejo que não é bom passar por essas maldades, também não será bom para os outros. Colocar-se na pele do outro não é somente um jargão, mas uma realidade urgente para os nossos dias.
O caminho da evangelização é muito difícil. O seguimento de Jesus é muito desafiador. A porta é estreita para aqueles que querem segui-lo. O caminho largo, das mordomias, do dinheiro, do poder, do prazer é o mais fácil, mas não o mais compromissado com a vida do ser humano.
Talvez, nos dias de hoje, os porcos e os cães mais empedernidos estejam habitando o nosso coração. Se nós não mudarmos de mentalidade, acolhendo o irmão que sofre, o irmão que chora e o irmão que é injustiçado, jamais nos aproximaremos do sonho libertador de Jesus! (jlqueimado@ig.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário