O evangelho de hoje dá continuidade à meditação sobre o Sermão da Montanha. Nos dias anteriores, de 9 até 17 de junho, refletimos longamente sobre a mensagem do capítulo 5 do evangelho de Mateus. No evangelho de hoje e dos dias seguintes, de 18 a 21 de junho, vamos meditar a mensagem do capítulo 6 do mesmo evangelho. A seqüência dos capítulos 5 e 6 pode ajudar na sua compreensão. Os trechos em itálico indicam o texto do evangelho de hoje. Eis o esquema:
Mateus 5,1-12: ===> As Bem-aventuranças: solene abertura da nova Lei
Mateus 5,13-16: ==> A nova presença no mundo: Sal da terra e Luz do mundo
Mateus 5,17-19: ==> A nova prática da justiça: relacionamento com a antiga lei
Mateus 5,20-48: ==> A nova prática da justiça: observando a nova Lei.
Mateus 6,1-4: ==> A nova prática das obras de piedade: a esmola
Mateus 6,5-15: ==> A nova prática das obras de piedade: a oração
Mateus 6,16-18: ==> A nova prática das obras de piedade: o jejum
Mateus 6,19-21: ==> Novo relacionamento com os bens materiais: não acumular
Mateus 6,22-23: ==> Novo relacionamento com os bens materiais: visão correta
Mateus 6,24: ===> Novo relacionamento com os bens materiais: Deus ou dinheiro
Mateus 6,25-34: ==> Novo relacionamento com os bens materiais: abandono à Providência
* O evangelho de hoje trata de três assuntos: da esmola (6,1-4), da oração (6,5-6) e do jejum (6,16-18). São as três obras de piedade dos judeus.
Mateus 6,1: Não praticar o bem para ser visto pelos outros
Jesus critica os que praticam as boas obras só para serem vistos pelos homens (Mt 6,1). Jesus pede para construir a segurança interior não naquilo que nós fazemos por Deus, mas sim naquilo que Deus faz por nós. Nos conselhos que ele dá transparece um novo tipo de relacionamento com Deus: "O teu Pai que vê no segredo te recompensará" (Mt 6,4). "Vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de o pedirdes a Ele" (Mt 6,8). "Se Perdoardes aos homens seus delitos, também vosso Pai celeste vos perdoará" (Mt 6,14). É um novo caminho que aqui se abre de acesso ao coração de Deus Pai. Jesus não permite que a prática da justiça e da piedade seja usada como meio de auto-promoção diante de Deus e diante da comunidade (Mt 6,2.5.16).
Mateus 6,,2-4: Como praticar a esmola
Dar esmola é uma maneira de realizar a partilha tão recomendada pelos primeiros cristãos (At 2,44-45; 4,32-35). A pessoa que pratica a esmola e a partilha para se promover a si mesmo diante dos outros merece a exclusão da comunidade, como foi o caso de Ananias e Safira (At 5,1-11). Hoje, tanto na sociedade como na igreja, há pessoas que fazem grande publicidade do bem que fazem aos outros. Jesus pede o contrário: fazer o bem de tal maneira que a mão esquerda não fique sabendo o que a mão direita está fazendo. É o total desapego e a total entrega na gratuidade do amor que crê em Deus Pai e o imita em tudo que faz.
* Mateus 6,5-6: Como praticar a oração
A oração coloca a pessoa em relação direta com Deus. Alguns fariseus transformavam a oração numa ocasião para aparecer e se exibir diante dos outros. Naquele tempo, quando tocava a trombeta nos três momentos de oração, manhã, meio dia e entardecer, eles deviam parar no lugar onde estavam para fazer as suas orações. Havia gente que procurava estar nas esquinas em lugares públicos, para que todos pudessem ver como rezavam. Ora, uma atitude assim perverte nossa relação com Deus. É falsa e sem sentido. Por isso, Jesus diz que é melhor fechar-se no quarto e rezar em segredo, preservando a autenticidade da relação. Deus te vê mesmo no segredo e ele sempre te escuta.Trata-se da oração pessoal, não da oração comunitária.
Mateus 6,16-18: Como praticar o jejum
Naquele tempo a prática do jejum era acompanhada de alguns gestos exteriores bem visíveis: não lavar o rosto nem alinhar os cabelos, usar roupa sombria. Era o sinal visível de jejum. Jesus critica este jeito de jejuar e manda fazer o contrário, para que ninguém consiga perceber que você está jejuando: tome banho, use perfume, arrume bem o cabelo. Aí, só o Pai que vê no segredo sabe que você está jejuando e ele saberá recompensa-lo.
Para um confronto pessoal
1) Quando você reza, como você vive a sua relação com Deus?
2) Como vive o seu relacionamento com os outros em família e na comunidade?
Oração final
Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. (Sal 30, 20)
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