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9 de jul. de 2010

Jesus anuncia a sua morte - Pe. Fernando Torre.

09 de agosto


Evangelho - Mt 17,22-27

Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará.

A liturgia de hoje convida os crentes a prescindir da “sabedoria do mundo” e a escolher a “sabedoria de Deus”. Só a “sabedoria de Deus” possibilitará ao homem o acesso à vida plena, à felicidade sem fim.

O Evangelho apresenta-nos uma história de confronto entre a “sabedoria de Deus” e a “sabedoria do mundo”. Jesus, imbuído da lógica de Deus, está disposto a aceitar o projeto do Pai e a fazer da sua vida um dom de amor aos homens; os discípulos, imbuídos da lógica do mundo, não têm dificuldade em entender essa opção e em comprometer-se com esse projeto. Jesus avisa-os, contudo, de que só há lugar na comunidade cristã para quem escuta os desafios de Deus e aceita fazer da vida um serviço aos irmãos, particularmente aos humildes, aos pequenos, aos pobres.

Trabalhar pelo Reino, confiar no Pai

Hoje, teoricamente, parece que temos tudo claro na Igreja. Temos dogmas, temos os documentos que periodicamente publica a Santa Sé aos bispos, temos até o Catecismo da Igreja Católica onde se explica perfeitamente tudo o que é ser cristão no mundo de hoje. Teoria não falta. O problema vem depois, com a prática. Ou melhor, o problema vem na hora de entender Jesus com o coração.

É o que vemos no Evangelho de hoje. Os discípulos não entendem a mensagem de Jesus. Ou não querem entender. Ou as palavras que Jesus disse as foram ditas com um significado e uma intenção e eles entenderam com outro significado e outra intenção. No domingo passado Jesus tinha dito que “o que quer salvar a sua vida a perderá; porém o que perde sua vida por mim e pelo Evangelho a salvará”. E pouco antes havia explicado o que para Ele significa ser o Messias.

Os discípulos não entendem

Pois bem, depois de toda a catequese, e não é questão de duvidar da capacidade pedagógica de Jesus, os discípulos não entendem nada. Assim que ficam sozinhos se dedicam a falar entre eles sobre quem seria o maior no reino do qual falava Jesus. E quando falavam do maior, não se referiam ao mais santo senão ao mais poderoso, o qual estaria mais próximo de Jesus na cadeia de comando, o que disporia de mais riquezas, de mais escravos... Isto é, quando Jesus dizia “reino” os discípulos ouviam a palavra “reino” e a entendiam com significado diferente do que Jesus queria dizer.

Porém Jesus, como bom professor, era inacessível ao desanimo e tinha uma paciência infinita. Se os alunos demoravam a entender, Ele repetia a lição buscando novos exemplos e novas formas de explicar. Agora o que faz é tomar em seus braços cada um como um filho e explicar uma vez mais que o reino não vai dar poder nem autoridade, mais serviço e entrega total pela vida dos demais, que o reino é um lugar onde se acolhe a todos e, como prova de que realmente acolhe a todos, nele se acolhem em primeiro lugar os mais excluídos os que não são nada na sociedade, os que não têm dignidade nem são tratados com consideração pelas pessoas.

A lição de hoje é para nós. O reino não é poder, mais acolhida e integração. Não é inveja e desejo de subir por cima dos demais sem reconciliação, misericórdia, sinceridade, paz. Devemos ler detidamente a segunda leitura. Talvez encontremos retratada nas palavras de Tiago algumas das atitudes que fazem de nossas comunidades sejam qualquer coisa menos sinal do reino de Jesus.

Aprender a lição, viver confiando

O reino não se impõe pela força mais pela fé e confiança no Pai de Jesus, e o que promove. Nós somos colaboradores e estamos seguros de que Deus velará por nós, de que nos livrará da mão de nossos adversários, não porque iremos vencer a batalha mais porque, no final, em algum momento e de alguma maneira, tocará o coração de nossos adversários e lhes fará compreender, o bom mestre o fará, o que é o reino.

O caminho não está livre de dificuldades. Mas vale a pena. Jesus era consciente que sua proposta e seu modo de comportar-se comoviam os alicerces da sociedade judaica de seu tempo. Falar de Deus como ele e falava com os gestos de proximidade e de presença entre os marginalizados poderia ter conseqüências graves. Mas estava sua confiança estava posta em seu Pai. O que tinha a vida e tinha encomendado a Jesus a missão de anunciar o reino, não lhe abandonaria. Deus não lhe largaria de sua mão.

Hoje é tempo para olhar Jesus, para tratar de assimilar sua mensagem, para escutar-lhe sem restrições e para nos colocar ao seu lado. O caminho pode ser difícil. Fazer o reino aqui e agora tem riscos. Porém, como fez Jesus, devemos colocar nossa confiança no Pai e o olhar no horizonte. Deus mesmo se encarregará de que, acima dos ódios, violências, guerras, invejas e tantos outros males, seu amor chegue ao coração de todos os homens e mulheres. Nós, hoje, aqui e agora, vamos seguir acreditando e confiando Nele.

Fernando Torres

http://www.ciudadredonda.org/subsecc_ma_d.php?sscd=157&scd=1&id=2893

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