“Não vale mais o olho por olho” – Nancy

13/06/2011

Mt 5,38-42

            "Olho por olho, dente por dente" – era assim que viviam e vivenciam os judeus as leis do Antigo Testamento.

            Podemos afirmar que a vingança era característica do povo daquele tempo que possuía um coração duro, com dificuldades para perdoar. Não admitiam a limitação, a fraqueza e a tendência do homem para o pecado.

            Que avanço grandioso ocorrera na história da humanidade na passagem do Antigo Testamento para o Novo Testamento, com o envio de Jesus Cristo entre os homens, principalmente no que diz respeito ao relacionamento humano.

            Jesus chega entre os homens e abole o "olho por olho, dente por dente", vira o jogo, ou seja, reverte a maneira de encarar as situações de violência e agressividade, usando a lei da graça e do amor.

            Os homens começam a conhecer a caridade, a gratuidade do amor e começam a compreender que violência gera violência, e atitudes pacíficas geram atitudes pacíficas.

            Vejam esta lição, narrada na história de Zeca e o seu pai, mostrando o quanto o ódio, a raiva, a vingança são nocivos ao ser humano, nos corroendo a alma e até adoecendo o nosso físico.

A camisa e o carvão

O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte os seus pés no assoalho da casa. Seu pai, que estava indo para o quintal fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o menino para uma conversa.

Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado. Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritado:

- Pai estou com muita raiva. O Juca não deveria ter feito comigo. Desejo tudo de ruim para ele.

Seu pai, um homem simples mas cheio de sabedoria, escuta, calmamente, o filho que continua a reclamar:

- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito. Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.

O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava
um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino
o acompanhou, calado.

Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:

- Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no
varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau
pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do
saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como
ficou.

O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra.

O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo.

Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. O pai que espiava tudo de longe, se aproxima do menino e lhe pergunta:

- Filho como está se sentindo agora?

- Estou cansado mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.

O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:

- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa. O filho
acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande
espelho onde pode ver seu corpo todo.

Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos. O pai, então, lhe diz ternamente:

- Filho, você viu que a camisa quase não se sujou; mas, olhe só para
você. O mau que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu.

Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos
pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos.

No nosso dia a dia, ficamos muitas vezes irados com as pessoas que nos
ferem, e o rancor humano faz com que tenhamos raiva ou ódio de nossos
semelhantes que pecaram contra nós, mas como este pequeno conto tão bem
ilustra, o ódio traz mais conseqüências e marcas em quem odeia do que
em quem é odiado, ouse perdoar a quem te machucou, ouse perdoar a seu
semelhante, mesmo que ele não mereça, no final quem sairá ganhando com
certeza será você.

 

            Agora podemos afirmar, diante dessa história tão ilustrativa, que o Novo Testamento fez do homem velho um homem novo, por isso já "Não vale mais o olho por olho, dente por dente."

            Irmãos e irmãs em Cristo: Peçamos que o Senhor transborde em nossos corações as graças do seu Divino Espírito Santo, nos inundando da capacidade de amar, tolerar, compreender, aceitar e perdoar o nosso irmão. Amém!

            Abraços fraternos.

 

            Nancy – professora