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1 de mai. de 2010

EU SOU A VIDEIRA VÓS SOIS OS RAMOS

Unidos à Videira/Vida Verdadeira

O evangelho deste domingo centra-se no tema da unidade que deve ser o fruto primeiro da comunidade cristã. A imagem da videira e os sarmentos (vara que a videira dá cada ano) nos colocam no caminho. É uma só planta. É uma unidade vital. Até poderíamos dizer que a divisão entre videira e sarmentos que faz Jesus é um pouco artificial. Naturalmente que os sarmentos não podem existir separados da vida. De onde lhes chegaria a seiva necessária para viver? Cortada essa relação com a vida, os sarmentos morrem e só servem para o fogo. Essa união é a única possibilidade para que os sarmentos dêem fruto

Devemos sublinhar esse detalhe, que não é banal: a videira não dá propriamente frutos. São os sarmentos os que dão frutos. Por suposto, graças à corrente vital que lhes chega da videira! Sem a seiva os sarmentos morrem. Mas sem os sarmentos a videira seria estéril. Até esse ponto chega essa necessária conexão entre a videira e os sarmentos. A unidade entre a vida e os sarmentos é fundamental.

Unidos à videira verdadeira

Para dar frutos têm que estar unidos a essa videira concretamente (
“Eu sou a verdadeira videira”). Os sarmentos se podem enxertar em outras videiras, porém não dariam frutos para a vida do mundo na caridade, como nos pedia o Concilio Vaticano II (cf. Optatam Totius, 16).

Essa união não se dirige a uma espécie de auto-contemplação na qual a videira e sarmentos se olham uns aos outros felizes de estarem unidos. Estão unidos porque a planta inteira tem como fim dar frutos. E passando do exemplo, da imagem, à realidade, a união do cristão, de cada cristão, de todo cristão, com Jesus se ordena a dar frutos para a vida do mundo. Deus enviou seu Filho ao mundo não para condená-lo senão para salvá-lo. Convém não
esquecer.

ém que voltemos o olhar para a nossa realidade. Levamos dois mil anos de história cristã. Não somos precisamente um modelo de unidade. A comunidade dos crentes está fragmentada em numerosas igrejas. Católicos, protestantes, ortodoxos são as grandes denominações mas há muitas mais. Uns grupos nem sempre olham os outros com um sentimento de fraternidade capaz de ir para além das próprias tradições. Uns grupos não querem compartilhar com os outros a
Eucaristia, o sinal maior de unidade que nos deixou Jesus, a fonte da seiva que nos mantém vivos, unidos e capazes de dar fruto.

Porém, inclusive dentro de nossa Igreja Católica, há muitos grupos que se olham entre si com desconfiança. É como se cada um se sentisse possuidor da verdade, da autêntica interpretação do Evangelho de Jesus e suspeita dos outros. Não todos, é verdade, têm esta atitude, mas aí está e não se pode negar. Às vezes, até a hierarquia da Igreja não serve a unidade, já que ao invés de unir forças, faz com que se separe, afasta e condena o que pensa diferente dela. Tudo um espetáculo de unidade! Enquanto muitos proclamam: “Unam-se a mim que sou a verdadeira videira!”.

Muitos sarmentos, uma só videira/vida

O espetáculo é triste. Alguns de nos esquecemos do princípio básico: Jesus é a verdadeira videira. E não há mais videira que Jesus. Aí está o ponto nodal de unidade. Logo os sarmentos podem crescer de formas muito diversas. Uns mais para acima, outros mais para abaixo. Uns em linha reta e outros retorcidos. Nada disso é importante.

O verdadeiramente importante é que dêem frutos de vida, e que o amor de Deus chegue a todos. A unidade está marcada pelo ponto de união com a única videira:
Jesus. A unidade não consiste no fato de que todos os sarmentos sejam iguais, sejam clones genéticos. A unidade não consiste na uniformidade. Os sarmentos são plurais, diferentes e isso precisamente é o que faz bela e formosa à vida. Essa diferença faz também que os frutos sejam mais abundante, mais variados, mais ricos.

Não há outra forma de trabalhar pela unidade do que se esforçar por estar unidos a Jesus, a verdadeira videira, e abraçar a diversidade de nossos irmãos e irmãs, os outros sarmentos, aceitando que eles não tenham que passar por nós para estar unidos a Jesus, que nós não somos a o ponto de conexão necessário. Sem excluir. Sem condenar. Basta crer no nome de Jesus e viver no amor, que é o único mandamento, para permanecer em Deus, como diz a segunda leitura, que não outra coisa é estar unidos à videira.

Assim seremos como aqueles discípulos de Jerusalém, sobretudo como Barnabé, que procura Paulo, o antigo perseguidor dos cristãos, convertido em pregador e se alegram disso. Porque enxergam os frutos de vida que está oferecendo ao mundo. E a igreja gozava de paz.

Hoje seguimos tendo pendente a tarefa da unidade. Ou, melhor dito, a tarefa de unir-nos à verdadeira vida. A do amor, a que nos une no Reino.

Fonte: Pe. Fernando Torres

http://www.catequisar.com.br/texto/liturgia/2009/ind.htm

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