Dia 26 de abril – quinta
Jo 6,44-51
Eu
sou o pão vivo descido do céu.
Neste
Evangelho Jesus nos ensina duas importantes verdades: 1) A origem da fé nele,
que brota de uma graça de Deus Pai. 2) Jesus é o pão vivo que dá vida ao que
dele come.
“Quem
crê possui a vida eterna.” Cristo fala no presente: o que responde à atração do
Pai, o que crê, já tem a vida eterna. Esta começa aqui e agora: o eterno entrou
no tempo. É a escatologia realizada. Mas esse dom da fé está condicionado a uma
atitude responsável: escutar Deus. “Todo aquele que escuta o Pai e por ele foi
instruído, vem a mim”. E a nossa salvação é completada no futuro: “Eu o
ressuscitarei no último dia”.
“Eu
sou o pão vivo descido do céu.” Com a expressão “eu sou” (Javé em hebraico),
Jesus se auto define como o pão que dá a vida eterna ao que dele se alimentar.
Essa é a diferença do maná do deserto, que além de ser perecível, quem dele
comia depois morria.
Há
uma íntima relação entre a Eucaristia e a Morte e Ressurreição de Jesus. São os
seus dois grandes gestos de amor a nós. Por isso que ele instituiu a Eucaristia
um dia antes de sua morte, e ao instituí-la disse: “Isto é o meu corpo que será
entregue por vós”, e também: “Isto é o meu sangue que será derramado por vós e
por todos”.
A
Eucaristia atualiza para nós a redenção. Cada vez que a celebramos, nós nos
envolvemos mais no mistério pascal, participando da ressurreição de Jesus, que
passou pela cruz.
A
celebração eucarística, além de banquete, isto é, de alimento dos cristãos, e
de encontro semanal da Comunidade, tem também esta dimensão: Ela torna
presente, em termos de tempo e de lugar, o gesto redentor de Jesus, com todos
os seus efeitos. Por isso que a chamamos memorial da redenção. Memorial é mais
que memória ou recordação. É vivência hoje, revitalização daquilo que aconteceu
no passado. Quando celebramos a Eucaristia, a Morte e Ressurreição de Jesus
acontece misteriosamente ali, com todos os seus efeitos salvadores. A
Assembléia eucarística torna-se ao mesmo tempo beneficiária e agente da
redenção. A Igreja bebe toda a sua força de amar, e todo o seu dinamismo nesta
fonte inesgotável q é a Eucaristia.
Trazendo
para o aqui e agora o mistério redentor, a Eucaristia envolve a Assembléia
participante, tornando-a Corpo Místico de Cristo e torna cada cristão “outro
Cristo” no mundo. É assim que o sacrifício de Cristo se torna sempre vivo e
atuante em todos os cantos da terra. Ao recebermos a Eucaristia, nós nos
tornamos eucaristia para o mundo
Certa
vez, uma jovem mãe estava com o seu bebê no portão da sua casa. Passou uma
senhora, parou e disse: “Como é bonita esta criança!” A mãe falou: “Espere um
pouquinho, eu vou lá dentro buscar a fotografia dela para a senhora ver que é
mais bonita ainda!”
Na
verdade, o que aquela jovem mãe fez foi uma coisa ridícula, porque hoje em dia
os fotógrafos podem falsificar fotografias, “melhorando” as pessoas. Mas há
algo parecido com a nossa redenção. Ela foi além e tornou o original, isto é, o
homem criado por Deus, melhor e mais bonito ainda. Foi por isso que cantamos no
sábado santo, referindo-nos ao pecado original: “Ó culpa tão feliz que há
merecido a graça de um tão grande Redentor”
Quando
Maria Santíssima ouvia, ao participar da santa Missa, estas palavras do seu
Filho: “Tomai todos e comei: Isto é o meu corpo que será entregue por vós.
Tomai todos e bebei...” certamente ela pensava: Este corpo foi gerado no meu
útero. E quando ela comungava, era quase que uma nova encarnação. Aquele
coração que batia em seu ventre, volta agora ao seu ventre, para sustentá-la na
caminhada. Claro que Maria se lembrava também dos maus tratos que Jesus recebeu
e continuava a receber dos homens, e voltava a sentir a espada que, no
Calvário, transpassou o seu coração. Por isso lhe pedimos: “Ouvi nossos rogos,
Mãe dos pecadores!”
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