16 de abril – segunda-feira
Jo 3,1-8
Pe. Antônio Queiroz CSsR
Se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.
Este Evangelho narra o começo da conversa de Jesus com Nicodemos. Ele foi ter com Jesus à noite, atitude própria de quem tem uma fé fraca e imperfeita e por isso não quer se comprometer nem que sua fé se torne pública.
Ele começou dizendo: "Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes". Sinais são os milagres e todas as atitudes de Jesus que superam o natural. Nicodemos conhecia esses sinais, sabia que Jesus veio de Deus, mas nem por isso decidiu ser discípulo de Jesus.
Jesus explica-lhe com paciência: "Se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus". Em outras palavras, para ver o Reino de Deus, a pessoa precisa mudar radicalmente a sua vida. Precisa ter uma fé tão forte que a leve a mudar o eixo de sua vida, transformar-se em todas as dimensões: pensar, agir, valores, direcionamento da vida, afetos, mentalidade, relacionamentos... Em outras palavras, precisa nascer de novo. Isso acontece em nós no nosso batismo. Por isso que o padre, após batizar a criança, diz: "N., nasceste de novo e te revestiste de Cristo". Só mais tarde, com a ajuda dos pais e da Comunidade, a criança vai entender o que aconteceu com ela no batismo.
A pessoa batizada não é mais da terra, mas "do alto", é de Deus. É o que fala o evangelista João: "Estes foram gerados não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (Jo 1,13).
Pelo batismo somos incorporados em Cristo e feitos um com ele, tanto na sua vida como na sua morte. Aqui está o sentido da vida do cristão; ela não se explica em si mesma, mas em relação a Cristo.
Como o vento que sopra onde quer, assim é todo aquele que nasceu do Espírito. Se os meteorologistas quisessem dominar o vento, seria muito difícil. Mais difícil ainda é dominar o Espírito Santo. Para o Espírito não há obstáculos.
Mas se estiver atentos aos sinais da presença do Espírito, podemos ouvir a sua voz. Ele nos guiará para onde ele quer, não para onde nós queremos. E o sinal de que nascemos "do alto" segundo o Espírito é vivermos a Palavra de Deus, como fizeram os Apóstolos.
Crer na ressurreição de Cristo é saber que ele está vivo junto conosco e experimentá-lo agindo conosco, no nosso esforço de viver a vida nova.
Certa vez, em um mosteiro, o mestre chamou um noviço e lhe disse: "Por favor, vá ao córrego e traga água nesta peneira". E entregou uma peneira toda empoeirada para ele. Credo! Pensou o moço – trazer água numa peneira? Mas obedeceu. Foi ao córrego, afundou a peneira na água, depois levantou e a trouxe toda vazia, claro. Chegou à frente do mestre e lhe disse: "Sr. Padre, não consegui trazer a água. Vazou toda nos buraquinhos da peneira".
"Volte – disse o mestre – e tente de novo." Pronto – pensou o jovem – repetir esse absurdo? Mas vou. Mandou, está mandado. Foi ao córrego, afundou novamente a peneira na água e a levou vazia ao mestre. Este disse: "Por favor, vá de novo ao córrego e traga água nesta peneira". Vou passar o dia todo fazendo esse absurdo? Pensou o rapaz. Mas vamos ver onde vai acabar isso. Foi e repetir o mesmo gesto.
Na volta, inclinou-se novamente diante do mestre, como é costume nos mosteiros, e repetiu a mesma frase de sempre: "Sr. padre, não consegui trazer a água; vazou toda quando levantei a peneira".
Então o mestre disse: "Você não trouxe água, mas lavou a peneira".
"O vento sopra onde quer." Muitas vezes nós obedecemos a Deus, sem saber o sentido do gesto. Mas a nossa fé nos ensina que tudo o que manda é bom. Se não entendemos agora, compreenderemos mais tarde.
Que diferença entre a fé que tinha Nicodemos e a de Maria Santíssima! Ela uma simples escrava do Senhor, não duvidava de nenhuma de suas palavras. Que ela interceda por nós a fim de que, neste tempo pascal, possamos nascer de novo com Cristo ressuscitado.
Se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário