Dia 28 de abril – sábado
Jo 6,60-69
A
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.
Este
Evangelho nos trás a última parte do discurso de Jesus sobre a Eucaristia, o
pão da vida. Havia uma grande multidão ouvindo-o, entusiasmada por causa da
multiplicação dos pães acontecida minutos antes. Alguns queriam até fazê-lo
rei.
Mas
quando Jesus disse que ia dar um alimento muito melhor do que aquele pão: a sua
carne como comida e o seu sangue como bebida, os ouvintes se escandalizaram.
Nós não somos antropófagos! disseram entre si. “Esta palavra é dura. Quem
consegue escutá-la?
Jesus
procurou explicar, mostrando que ele tem poder para fazer isso: “Isso vos
escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? O
Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são
Espírito e vida”. Quer dizer, Deus pode tudo e faz coisas inacreditáveis.
Apesar
da explicação, “a partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e
não andavam mais com Jesus. Então Jesus disse aos doze: Vós também vos quereis
ir embora? Simão Pedro respondeu: A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de
vida eterna”. Em outras palavras, Pedro disse: Nós também não entendemos o que
o Senhor falou, e nós também achamos um absurdo comer a sua carne e beber o seu
sangue. Mas, o mundo lá fora é pior ainda. Preferimos ficar com o Senhor.
Nós
somos convidados a dar o passo de Pedro: A quem iremos, Senhor? Com o Senhor é
difícil, mas fora, no mundo, é muito pior. Por isso prefiro ficar com o Senhor.
Muitos ficam no meio do caminho; como a sua fé é fraca, seguem apenas mais ou
menos. Mas Deus prefere pessoas definidas, mesmo que seja contra ele.
Se
dermos o passo da fé mesmo sem entender direito, como fez S. Pedro, Deus entra
na nossa vida e nos transforma, inclusive firmando a nossa fé. Por isso hoje
queremos dizer a Jesus: eu estou com o Senhor, creio em tudo o que o Senhor
disse e ensinou, mesmo sem entender tudo. Creio porque sei que o Senhor é o
próprio Deus encarnado.
Após
a consagração, na Missa, o padre fala: “Eis o mistério da fé”. A Eucaristia é o
cerne da fé. Nela, acreditamos na Palavra de Jesus, sem ver nem entender. “No
Calvário se escondia tua divindade, mas aqui também se esconde tua humanidade;
creio em ambas e peço, como o bom ladrão, no teu Reino, eternamente, tua
salvação” (Canto: Deus de amor).
Não
vamos cair na tentação de dizer que na Eucaristia o pão “simboliza” o corpo de
Cristo e vinho “simboliza” o seu sangue. Não simboliza apenas, mas é realmente.
Jesus está ali, vivo, em seu corpo, sangue, alma e divindade. E está todinho,
tanto na hóstia como no vinho consagrados. Por isso que após a Consagração nós
não chamamos pão e vinho, mas Corpo e Sangue de Cristo. Se fosse símbolo só,
Jesus teria chamado de volta a multidão que se retirava, e explicado melhor.
Teria dito, por exemplo: “Não, gente, não é que vou lhes dar a minha carne para
vocês comerem! É um símbolo!...” Mas ele não fez isso. Pelo contrário, disse
para os Apóstolos: “Vocês também não querem ir embora?” Isso significa que a
sua presença na Eucaristia é real e total, e que esta é uma verdade fundamental
da nossa fé.
Havia
certa vez um rapaz que estava desempregado. Ele procurava emprego em toda parte
e não encontrava. Um dia, foi a um zoológico e perguntou se havia uma vaga. O
chefe lhe disse: “Nós não temos vagas. O nosso quadro de funcionários está
completo. Mas o nosso gorila morreu, e ele era a grande diversão da criançada.
Se você quiser imitar um gorila, podemos lhe arrumar as roupas próprias”. O
rapaz topou. Afinal, estava desempregado e precisa ganhar um dinheirinho.
Vestiu
a roupa apropriada, colocou a máscara... ficou igualzinho a um gorila. Depois
entrou na jaula e começou a andar, pular e fazer micagens, como um gorila. As
crianças se divertiam.
Uma
hora, ele olhou para cima e viu uma gangorra e um trapézio. Pensou: Ah! O
gorila usava isto. Vou usar também. Subiu e começou a gangorrar pra lá e pra
cá. Mas uma hora ele exagerou na gangorra, desequilibrou-se e foi cair dentro
da jaula do leão. Pensou: Agora estou frito! O leão vai me devorar. Começou a
tremer e a chorar.
O
leão veio na direção dele, chegou perto do seu ouvido e disse baixinho: “Fique
calado, senão nós dois perdemos o emprego!”
“A
quem iremos, Senhor?” Este mundo é cercado de mentiras e falsidades; preferimos
ficar com Jesus, o nosso caminho, verdade e vida. Alimentados por ele, seremos
agentes de transformação.
Que
Maria Santíssima, o primeiro sacrário do Corpo de Cristo, nos ajude a não só
acreditar na Eucaristia, mas a transformar a Eucaristia em vida e a nossa vida
em Eucaristia.
A
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.
Padre
Queiroz
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